terça-feira, 26 de junho de 2012

A REN, José Luís Arnaut e os insultos a Cavaco



Na segunda metade da década de 1990, José Luís Arnaut era um jovem executivo conhecido por segurar a pasta de Marcelo Rebelo de Sousa, quando este liderava o PSD, na ressaca do cavaquismo. Em pouco tempo, Arnaut tornou-se homem público-privado, entre a advocacia, os negócios e o Governo de Durão Barroso. No tempo de Sócrates recolheu aos gabinetes da advocacia e dos negócios. Até que, quando cheirava a poder, apareceu na campanha do PSD e na televisão como comentador político. A defender a causa do partido, claro. Agora está na ribalta por ter entrado na administração da Rede Eléctrica Nacional (REN). Diz que foi para lá por indicação da família Oliveira, da Riopele, e não pelo Governo.
A questão não está em quem formalmente fez o convite. A verdade é que, sabe-se agora, a REN é uma antiga cliente do escritório de Arnaut. E o escritório de Arnaut tem sido responsável por muita produção legislativa no âmbito do sector energético. Daí a polémica (ver aqui).
Este é só mais um daqueles casos que minam gravemente a confiança que os portugueses possam ter num Governo que, no essencial, faz o que Bruxelas e o FMI dizem que tem de ser feito, ocupando grande parte do tempo a controlar os danos resultantes destas polémicas, fragilizando-se perante os eleitores.
Os nomes saltam da memória sem esforço nenhum. Casos como os de José Luís Arnaut, Eduardo Catroga, Dias Loureiro, Oliveira e Costa ou António Borges, no PSD, e os de Jorge Coelho, Pina Moura ou Armando Vara, no PS, embora diferentes, confirmam que Portugal é uma coutada dominada pelos espertalhões do grande bloco central dos interesses em que se transformou a vida política portuguesa. É por isso que até o impoluto Cavaco Silva, se não quiser ser agredido ou insultado, já não pode sair do Palácio de Belém. 

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