sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A certificação dos bons pagadores


A certificação de qualidade é uma poderosa ferramenta de relações públicas. Por isso, é altura de o Ministério da Economia pensar também em certificar as empresas portuguesas que pagam a tempo e horas. Mudam-se os tempos e as circunstâncias, mudam-se as prioridades. Pagar a tempo e horas transformou-se num factor de competitividade nacional e internacional.
A certificação de qualidade de bens e serviços é um instrumento de relações públicas que as empresas gostam de exibir, para obter ganhos de imagem e consequente agregação de valor. O mesmo acontece com as iniciativas de responsabilidade social. O objectivo é sempre criar percepções positivas sobre a empresa promotora.
A certificação de qualidade é vista como uma questão de sobrevivência de qualquer empresa, independentemente da sua dimensão ou do sector de actividade. E, para esse efeito, existem normas internacionais. O objectivo é responder às expectativas do cliente, que estão em permanente evolução, tornando assim o mercado altamente competitivo. Por isso, a certificação é indispensável porque é um factor de credibilidade e poderá ser também um factor de diferenciação em relação a empresas concorrentes.
A norma ISO 9001, por exemplo, refere as exigências de um sistema de gestão da qualidade com vista à eficácia na satisfação do cliente. Ela não inclui, porém, sistemas de gestão ambiental, saúde, higiene e segurança no trabalho, responsabilidade social, ou outros sistemas de gestão.
Mudam-se os tempos e as circunstâncias, mudam-se as prioridades. Como estamos num mundo em permanente mudança, talvez seja altura de as autoridades pensarem seriamente em certificar as empresas que pagam a tempo e horas. Numa altura em que há falta de liquidez e em que as empresas portuguesas são vistas como más pagadoras, talvez o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, pudesse fazer alguma coisa para distinguir as empresas que cumprem os seus compromissos a tempo e horas. Deixo a ideia. Em Lisboa ou em Bruxelas, haja alguém que tome a iniciativa política. Porque, enquanto uma empresa alemã pagar a 30 dias e uma portuguesa pagar a 60 ou a 90, ou mais, a economia europeia não tem futuro.
Sabemos que o Estado português também não é exemplo para ninguém, mas é preciso começar por fazer alguma coisa pela economia portuguesa. Nos tempos que correm, uma empresa certificada como “boa pagadora” teria uma grande vantagem competitiva sobre muitas outras que pagam tarde e a más horas e que geram problemas de tesouraria em cadeia.
Essa certificação seria também um factor de competitividade internacional, uma vez que uma empresa que paga a tempo e horas pode negociar preços mais baixos e passa a ser vista com outros olhos pelos seus fornecedores. Seria bom para todos. E os técnicos e consultores de relações públicas iriam agradecer mais um motivo para acrescentar valor aos bons pagadores certificados…

Um comentário:

Lurdes Macedo disse...

Grande sentido de oportunidade nesta sugestão! Que bom seria que ela fosse seguida!!! Um abraço, Lurdes Macedo.