sexta-feira, 22 de abril de 2011

Privatização da RTP. Um erro estratégico


O secretário-geral do PSD, Miguel Relvas, defende a privatização da RTP. Caso se confirmasse esse plano, seria um erro estratégico. É caso para perguntar o que é que as cabeças iluminantes que dão estas ideias aos responsáveis políticos sabem de comunicação social, de meios de comunicação de massas e de serviço público de televisão.
O PSD, através do antigo ministro Nuno Morais Sarmento, até tem um bom histórico nesta matéria, ao ter conseguido reestruturar a televisão pública, diminuindo drasticamente os prejuízos e lançando as bases para uma inteligente e racional partilha de recursos entre a televisão e a rádio públicas. É estranho que essas ideias de 2002-2004 não sejam retomadas e aprofundadas agora.
Portugal precisa de um bom serviço público de televisão a custar muito menos do que custa agora. Precisamos de um bom canal público que faça uma boa televisão generalista, mas que não concorra com as televisões privadas.Não precisamos do Estado para nos dar mais do mesmo.
Uma televisão pública não pode funcionar, porém, tendo várias equipas de reportagem nas delegações espalhadas pelo País formadas por três elementos, sendo um deles coordenador dos outros dois. Nem pode ter tantas prateleiras douradas em gabinetes visíveis e invisíveis que estejam ocupadas por gente que ganha muito e não faz nada. Nem pode ter profissionais a ganhar mais do que o primeiro-ministro ou o Presidente da República.
Além disso, não precisamos da RTP 2, não precisamos da RTP Madeira, não precisamos da RTP Açores, não precisamos da RTPN, nem precisamos da RTP África, nem da RTP Memória. Mas, provavelmente, precisamos de uma boa RTP Internacional, como grande canal da lusofonia, e de uma RTP Cultura, para promover a cultura portuguesa de todo o país em todas as suas vertentes.
Ora, isto não teria nada a ver com um serviço público dominado pelos saltos do João Baião e palhaçadas similiares, que nos mostram de manhã até à noite, como se a RTP fosse um canal privado que dá ao público aquilo que o público quer ver... Por isso, valia a pena que Miguel Relvas fosse estudar melhor o dossiê RTP. E que o enquadrasse numa perspectiva global da comunicação social pública, onde teria de incluir a agência de notícias Lusa, que também deveria integrar o universo RTP-RDP, com ganhos para o erário público.

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